quinta-feira, 23 de julho de 2009

APOCALIPSE – UM LIVRO CHEIO DE TERRORES?


Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo

(Apocalipse 1:3)


Talvez você seja como aquele paciente em um leito de hospital que, quando um visitante cristão lhe perguntou se poderia ler uma passagem da Bíblia, respondeu: “Pode, eu não me importo, desde que não seja em Apocalipse. Esse livro me aterroriza.” Se alguém ainda não tem paz com Deus, essa atitude é compreensível. Apocalipse é um livro de julgamento: descreve o julgamento que virá sobre a terra depois que os salvos em Cristo tiverem sido levados para o céu. Será um futuro pavoroso, e isso nos compele a reconhecer a seriedade da vida e a procurarmos urgentemente a paz com Deus.

Deus ainda está tendo paciência. Ele ainda não tem intervindo com esses procedimentos proféticos apesar da maldade e injustiça do homem. Até que chegue o momento em que o julgamento colocará um fim nesse período de espera, Deus não cessa de atrair pessoas a Ele, a fim de que elas obtenham perdão e escapem de Sua ira. Mas os ponteiros de Seu relógio estão se movendo rapidamente.

Você é um dos que se sentem amedrontados com esse livro? É por isso que você se recusa a lê-lo? Mas não há escapatória! Simplesmente ignorar os sinais de perigo jamais irá remover o próprio perigo. Você tem de compreender que Deus o ama de maneira indescritível. O livro de Apocalipse fala sobre os julgamentos na terra, mas também nos fala do glorioso futuro dos redimidos no céu e do que Deus preparou para todos os que recebem Seu amor e crêem nEle. Abra esse livro e, à medida que for lendo, abra também seu coração para o amor do Pai.

Extraído do devocional "Boa Semente" - literatura@terra.com.br

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pior que a Gripe A

Desde que esta nova doença começou no México e logo se alastrou por todo o mundo, diariamente os noticiários relatam de novos casos de contaminação no Brasil e outros países. Já é possível ver-se pessoas usando máscaras com o objetivo de se proteger do contágio desta gripe. Em alguns lugares escolas são fechadas ou eventos públicos cancelados para evitar que ela se alastre. Até se aconselha a não viajar para países onde já há um índice maior de propagação. A indústria farmacêutica trabalha incessantemente na busca de uma vacina contra este mal, que alguns já denominam pandemia mundial. Como esta doença pode levar à morte, o homem tem medo e faz de tudo para não ser atingido, ou seja, ele toma providências para se livrar da mesma e não sofrer as conseqüências.


Mas há algo muito pior nesta terra do que a gripe A. Algo que desde o começo da humanidade vem sendo transmitido de ser humano para ser humano. Algo que nasce com a pessoa e já se manifesta nos primeiros meses de vida. Este algo é o pecado e tem conseqüências muito piores do que a gripe A. A Bíblia nos diz em Romanos 6,23a: “Porque o salário do pecado é a morte”. Esta morte não é somente a morte física, mas a morte espiritual, que separou o homem de Deus. E diariamente vemos os seus efeitos nos seres humanos. A violência e a criminalidade aumentam. Professores que não sabem mais o que fazer com seus alunos que partem para a violência. Pais, que na aflição de ajudar um filho dependente de drogas, não vêem outra solução do que acorrentá-lo numa cama. E o consumo de drogas aumenta assustadoramente! A falta de amor entre as pessoas leva ao descaso umas pelas outras. Com o fim da estrutura familiar, crianças e jovens perdem a referência e ficam abandonados. Busca-se o melhor para si em detrimento do próximo. O egoísmo se alastra em nossa sociedade.


Qual é a saída? Será que o ser humano tem como se livrar do pecado e suas conseqüências? Há alguma força dentro do ser humano que pode mudar esta situação? Não. O homem já provou através dos séculos que ele não é capaz de vencer o pecado. Assim Deus, em Seu grande amor, nos apresenta o caminho para a verdadeira solução através de Seu filho Jesus Cristo. E Ele afirma em João 3,16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Claramente Deus nos mostra que há uma saída. Sim, há a possibilidade de nós não sermos dominados pelo pecado. Jesus, através de Sua morte na cruz, venceu o pecado. O problema consiste em que nós não aceitamos a solução que Deus nos apresenta. Agimos como uma pessoa que é aconselhada, pelo seu médico, a tomar certo remédio para ser curado mas “ignora” o conselho e por fim chega a morrer!

Hoje quando ouvires a Sua voz (o convite) não endureça teu coração... Aceita a saída que Deus te propõe! “... mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 6.23b). Reconheça que lutaste para mudar esta situação, da presença do pecado em tua vida, mas que não tens conseguido vencer. Se estás nesta situação, Jesus quer transformar tua vida. Ele quer dar-te uma nova vida. Uma vida da qual não te arrependerás! (Markus Steiger - http://www.ajesus.com.br)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Todos anseiam ser felizes

Todos anseiam ser felizes. Ser feliz é o desejo mais profundo do coração humano. Por isso, na passagem do ano desejamos um Feliz Ano Novo uns aos outros. Quando alguém casa, desejamos felicidades para o futuro do casal. Alguém que se forma nos estudos também recebe os votos de felicidades para sua vida profissional.

Existem muitas coisas que "trazem felicidade" e que podem ter as mais diferentes formas: para o cavaleiro a felicidade deste mundo está no lombo de um cavalo. Se alguém escapou ileso de um acidente, costumamos dizer que ele "teve a felicidade de não se ferir". Quantos buscam sua felicidade no jogo, na loteria ou no esporte? Outros tentam alcançar a felicidade por meios artificiais. Recentemente lemos em uma revista:

A ânsia pela felicidade e por emoções fortes leva milhões de jovens a estenderem suas mãos para a droga Ecstasy. Mas depois da euforia vem a ressaca – física e emocional... A ânsia por felicidade, por sentimentos intensos e o contato com outras pessoas leva muitos jovens a consumirem a droga regularmente...

A busca da felicidade e da alegria de viver mostra com extrema clareza que o ser humano de modo geral é infeliz. Até as pessoas que parecem ter alcançado tudo o que este mundo pode oferecer em brilho e glória, muitas vezes dão provas de sua infelicidade. O mundo da música e do cinema fala de felicidade, amor e alegria, mas a vida de muitos artistas prova que eles próprios são tudo menos felizes. Todos falam de felicidade, mas tão poucos são felizes.

Onde reside a causa da infelicidade?

Sem Deus, seu Criador, o homem não consegue ser realmente feliz. Enquanto tentar viver longe de Deus, enquanto se esconder de Deus e tentar viver sua vida como se Deus não existisse, ele não conseguirá ser feliz de verdade. Lemos em Judas 16a: "Esses homens são exploradores constantes, eternos insatisfeitos..." (A Bíblia Viva). A causa de toda infelicidade está no pecado! Lemos na Bíblia: "...o pecado traz vergonha e desonra para uma nação" (Pv 14.34b, A Bíblia Viva).

Quanta infelicidade se origina em um caráter desconfiado ou infiel. Quanto sofrimento vem do egoísmo, porque cada um quer viver só para si. Mas quantos são infelizes por serem negligenciados, preteridos, desconsiderados pelos outros. E quantas pessoas vivem infelizes porque carregam uma culpa tão grande, um fardo tão pesado que os faz sucumbir. Davi reconheceu certa vez no Salmo 38: "Pois já se elevam acima da minha cabeça as minhas iniqüidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças. Sinto-me encurvado e sobremodo abatido, ando de luto o dia todo. Estou aflito e mui quebrantado; dou gemidos por efeito do desassossego do meu coração. Bate-me excitado o coração, faltam-me as forças" (vv. 4,6,8 e 10a).

Não viver em comunhão com Deus, não ter perdão, ter de conviver com constante sentimento de culpa significa ser infeliz. O ser humano procura preencher esse vácuo se atirando nas aventuras mais extravagantes. Tenta fazer carreira, planeja sua vida até nos mínimos detalhes e busca segurança de todas as formas. Mas em seu coração continua infeliz. O príncipe Talleyrand, cujo patrimônio foi avaliado em 30 milhões de francos, escreveu na véspera de sua morte:

Eis que 83 anos se passaram! Quanta preocupação! Quanta inimizade! Quantas complicações! E tudo sem outro resultado a não ser uma grande inquietação quanto ao passado e uma profunda sensação de desânimo e desespero em relação ao futuro.

O que o ser humano precisa para a verdadeira felicidade?

Ele precisa de um relacionamento com Deus através de Jesus Cristo. Por essa razão o salmista diz: "Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo."(Sl 16.2) Chamar a Jesus Cristo de meu Senhor, nisso reside a felicidade permanente. Por isso o salmista continua confessando: "Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente" (v. 11).

O caminho para uma vida plena de felicidade e alegria se chama Jesus Cristo e consiste naquilo que Ele realizou na cruz por nós, que é o perdão dos pecados. Outra passagem da Bíblia diz: "Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade" (Sl 32.1-2a). Exatamente para isto Jesus veio a este mundo, morreu na cruz, foi sepultado e ressuscitou dos mortos, para nos colocar outra vez em comunhão com Deus pelo perdão dos pecados. Existe um hino que exprime isso de maneira muito acertada: "Vivo feliz pois sou de Jesus..."

Um hindu muito rico buscava a paz:

Ele se banhava no rio sagrado, fazia peregrinações estafantes – seu coração continuava sem paz. Até que um missionário lhe mostrou a cruz. Aí ele exultou: "Sorvi a mensagem como mel. Agora cheguei ao alvo de todo o meu anseio." (W. B. em "Spuren um Kreuz").

Viver em comunhão com Deus significa ser feliz. Jesus Cristo diz a todos os que crêem nEle: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração" (Jo 14.27b). O que Jesus conquistou na cruz para nós vai muito além daquilo que o mundo poderia nos oferecer. Ele nos trouxe a paz de Deus, perdão dos pecados e vida eterna. Quem vem a Ele e nEle crê recebe uma paz de espírito que não se acaba quando chegam dias difíceis, e que nos dá segurança para o futuro, porque o próprio Senhor é o nosso futuro.

A felicidade que Jesus nos dá não é um constante "andar nas nuvens", uma contínua sensação de bem-estar, livre de todos os desconfortos, mas é a certeza de estarmos abrigados nEle. Seguindo a Jesus, um filho de Deus não é poupado de todos os sofrimentos. Mas a felicidade não consiste exatamente em sabermos que, no meio de todo sofrimento, no meio de toda angústia estamos ancorados em Jesus Cristo? Que nEle temos uma esperança viva e que o sofrimento jamais é o fim, e sim, a vida com Jesus; vê-lO um dia e estar com Ele por toda a eternidade?! A Bíblia diz: "Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra" (Sl 34.19). Todo aquele que se tornou propriedade de Jesus não precisa sucumbir quando vem o sofrimento. Todo filho de Deus tem uma esperança viva que o sustém. E no final, todo verdadeiro cristão estará livre do todo sofrimento e verá ao Senhor Jesus assim como Ele é.

Por isso o Salmo 1.1 diz sobre a verdadeira felicidade: "Como é feliz o homem que não vai atrás da opinião das pessoas desligadas de Deus" (A Bíblia Viva). E o Salmo 34.9 nos anima: "Se você pertence ao Senhor, ame e obedeça a Ele; para quem faz isso nada falta" (A Bíblia Viva). (Norbert Lieth - http://www.apaz.com.br)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Distinção Entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda

Distinção Entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda

“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras... Certamente, venho sem demora” (Ap 22.12,20).
O encontro nos ares

Essas palavras, as últimas de Cristo que foram registradas por escrito, confirmam Sua promessa anterior: “...voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.3). Paulo faz referência ao cumprimento dessa promessa: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, ...e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; ...depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16-17).

Como resposta a essas promessas de Cristo, “o Espírito e a noiva dizem: Vem!” (Ap 22.17); ao que João adiciona, jubilante: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20b). Quem é essa Noiva? Após declarar que esposo e esposa são “uma só carne”, Paulo explica: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5.32).

A qualquer momento

As palavras de Cristo, do mesmo modo como as de João, do Espírito e da Noiva, não fariam sentido se essa vinda para levar os crentes para Si mesmo tivesse que esperar a revelação do Anticristo (perspectiva pré-ira) ou a consumação da Grande Tribulação (perspectiva pós-tribulacionista). Uma vinda de Cristo “pós-qualquer coisa” para Sua Noiva simplesmente não se encaixa nessas palavras das Escrituras. Afirmar que a Grande Tribulação deve ocorrer primeiro, para que o Espírito e a Noiva digam: “Vem, Senhor Jesus”, é como exigir o pagamento de uma dívida que vai vencer somente em sete anos!

Um Arrebatamento “pós-qualquer coisa” vai contra várias passagens das Escrituras que demandam claramente a vinda de Cristo a qualquer momento (iminente). O próprio Jesus disse: “Cingido esteja o vosso corpo, e acesas as vossas candeias, sede vós semelhantes a homens que esperam o seu senhor” (Lc 12.35,36a). Esse mandamento seria ridículo se Cristo pudesse vir para o Arrebatamento apenas após os sete anos da Tribulação.

A vinda que a Noiva de Cristo tanto deseja levará à ressurreição dos mortos e à transformação dos corpos dos vivos. Isso fica bem claro não somente em 1 Tessalonicenses 4, mas também através de outras passagens: “...de onde (os céus) aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Fp 3.20-21). Muitas outras passagens também incentivam os crentes a vigiar e esperar com intensa expectativa. Essas exortações somente fazem sentido se a possibilidade de Cristo levar Sua Noiva para o céu puder ocorrer a qualquer momento: “...aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.7); “...deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro, e para aguardardes dos céus o Seu Filho...” (1 Ts 1.9-10); “...aguardando a bendita esperança e a manifestação do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13); “...aparecerá segunda vez ...aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9.28); “Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor” (Tg 5.7).

Diferentes opiniões sobre o Arrebatamento não afetam a salvação, mas deveríamos procurar entender o que a Bíblia diz. A Igreja primitiva estava claramente esperando o Senhor a qualquer momento. Estar vigiando e esperando por Cristo, se o Anticristo deve aparecer primeiro, é como esperar o Pentecoste antes da Páscoa. No entanto, Cristo exortou: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora” (Mt 25.13); “...para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai” (Mc 13.36-37).

A surpresa da Sua vinda

A seguinte afirmação de Jesus também não se encaixa numa vinda pós-tribulacionista: “Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.44). É absurdo imaginar que qualquer pessoa sobrevivente da Grande Tribulação, que tenha visto os eventos profetizados (as pragas e julgamentos derramados na terra; a imagem do Anticristo no Templo; a marca da besta imposta a todos que quiserem comprar e vender; as duas testemunhas testificando em Jerusalém, sendo mortas, ressuscitadas e levadas ao céu; Jerusalém cercada pelos exércitos do mundo, etc.), tendo contado os 1260 dias (3 anos e meio) de duração da segunda metade da Grande Tribulação (preditos em Apocalipse 11.2-3;12.14), poderia imaginar naquela hora que Cristo não estaria a ponto de retornar! Após todos esses acontecimentos, isso será por demais evidente. Portanto, simplesmente não há como reconciliar uma vinda de Cristo pós-tribulacionista com Seu aviso de que virá quando não estiver sendo esperado.

Distinção entre Arrebatamento e Segunda Vinda

Somente essa afirmação já distingue o Arrebatamento (a retirada da Igreja da terra para o céu) da Segunda Vinda (para resgatar Israel durante o Armagedom); pois este último acontecimento não vai surpreender quase ninguém. Contrastando com Seu aviso de que mesmo muitos na Igreja não O estarão esperando, as Escrituras anunciam outra vinda de Cristo quando todos os sinais já tiverem sido cumpridos e todos souberem que Ele está voltando. A um Israel descrente, Cristo declarou: “Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas” (Mt 24.33). Até o Anticristo saberá: “E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o Seu exército” (Ap 19.19).
“Cingido esteja o vosso corpo, e acesas as vossas candeias, sede vós semelhantes a homens que esperam o seu senhor” (Lc 12.35,36a)

Ou Cristo está se contradizendo (impossível!), ou Ele está falando de dois eventos. Jesus disse que virá num tempo de paz e prosperidade quando até Sua Noiva não estará esperando por Ele: “Ficai também vós apercebidos, porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Lc 12.40). Não somente as [virgens] néscias, mas até as sábias estarão dormindo: “E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram” (Mt 25.5).

No entanto, a Escritura diz que o Messias virá quando o mundo estiver quase destruído pela guerra, fome e os juízos de Deus, e quando Israel estiver quase derrotado. Então, Yahweh declara: “olharão para aquele a quem traspassaram” (Zc 12.10b), e todos os judeus vivos na terra reconhecerão seu Messias que retornará como “Deus forte, Pai da Eternidade” (Is 9.6): exatamente como os profetas previram, Ele veio como homem, morreu pelos seus pecados, e retornará, dessa vez para salvar Israel. Sobre esse momento culminante, Cristo declara: “Aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mt 24.13). Paulo adiciona: “...todo o Israel [ainda vivo] será salvo”... (Rm 11.26).

Dois eventos distintos

Não podemos escapar ao fato de que duas vindas de Cristo ainda se darão no futuro: uma que surpreenderá até mesmo Sua Noiva e outra que não será uma surpresa para quase ninguém. As duas não podem ser o mesmo evento. Mas onde o Novo Testamento diz que ainda há duas vindas a serem cumpridas? Todo cristão crê em duas vindas de Cristo: Ele veio uma vez à terra, morreu pelos nossos pecados, ressuscitou dentre os mortos, retornou ao céu e voltará. Contudo, em nenhum lugar o Antigo Testamento diz que haveria duas vindas distintas.

Esse fato causou confusão para os rabinos, para os discípulos de Cristo e até para João Batista, que era “cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1.15, 41,44), João tinha testificado que Jesus era “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). No entanto, este último dos profetas do Velho Testamento, de quem não havia ninguém maior “nascido de mulher” (Lc 7.28), começou a duvidar: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?” (Mt 11.3).

Somente uma vinda do Messias era esperada. Ele iria resgatar Israel e estabelecer Seu Reino sobre o trono de Davi em Jerusalém. Por essa razão os rabinos, os soldados e a multidão zombaram dEle na cruz (Mt 27.40-44; Mc 15.18-20; 29-32; Lc 23.35-37). Apesar de todos os milagres que Jesus tinha feito, os discípulos, da mesma forma, tomaram Sua crucificação como a prova conclusiva de que Ele não poderia ter sido o Messias. Os dois na estrada de Emaús disseram: “...nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir Israel” (Lc 24.19-21) – mas agora Ele estava morto.

Cristo os repreendeu por não crerem “tudo o que os profetas disseram!” (Lc 24.25). Este era o problema comum: deixar de considerar todas as profecias. Israel tinha uma compreensão unilateral da vinda do Messias (e continua assim atualmente), que lhe permitia ver apenas Seu reino triunfante e o deixava cego para Seu sacrifício pelo pecado. Até mesmo muitos cristãos estão tão obcecados com pensamentos de “conquista” e “domínio” que imaginam ser responsabilidade da Igreja dominar o mundo e estabelecer o Reino de Deus, para que o Rei possa retornar à terra para reinar. Eles se esquecem da promessa que Ele fez à Sua Noiva de levá-la ao céu, de onde ela voltará com Ele para ajudá-lO a governar o mundo.

O Arrebatamento ocorrerá antes da Tribulação

Como poderia Cristo executar julgamento sobre a terra, vindo do céu “entre suas santas miríades (multidões de santos)” (Jd 14), se primeiro não as tivesse levado para o céu? Aqui temos outra razão para um Arrebatamento anterior à Tribulação. Incrivelmente, Michael Horton, em seu livro “Putting Amazing Back into Grace”, imagina que 1 Tessalonicenses 4.14 (“assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem”) refere-se à Segunda Vinda de Cristo “com os santos”. Ao contrário, na ocasião do Arrebatamento Jesus trará a alma e o espírito dos cristãos fisicamente mortos para serem reunidos com seus corpos na ressurreição, levando-os para o céu juntamente com os vivos transformados. Na Segunda Vinda Ele trará consigo de volta à terra os santos vivos, que já foram ressuscitados e previamente levados ao céu no Arrebatamento.

Antes da volta de Cristo com os Seus santos haverá a celebração das Bodas do Cordeiro com Sua Noiva (Ap 19.7). Tendo passado pelo Tribunal de Cristo (1 Co 3.12-15); (2 Co 5.10 ), os santos estarão vestidos de linho fino, branco e puro (Ap 19.8). Certamente eles devem ser também o exército vestido de linho fino, branco e puro (Ap 19.14) que virá com Cristo para destruir o Anticristo. Quando eles foram levados ao céu? É claro que isso não ocorrerá durante a própria Segunda Vinda, pois não haveria tempo suficiente nem para o Tribunal de Cristo, nem para as Bodas do Cordeiro. O Arrebatamento deve ter ocorrido anteriormente.

Aqueles que estão com seus pés plantados na terra, esperando encontrar um “Cristo”, esquecem que o verdadeiro Cristo virá nos buscar para nos encontrarmos com Ele nos ares e nos levará para a casa de Seu Pai. Eles se esquecem também que o Anticristo estabelecerá um reino terreno antes que o verdadeiro Rei volte para reinar. Infelizmente, os que se empenham em estabelecer um reino nesta terra estão preparando o mundo para o reino fraudulento do “homem do pecado”.

A Escritura registra duas vindas

Como alguém nos tempos do Velho Testamento poderia saber que haveria duas vindas do Messias? Somente por implicação. Ou os profetas se contradisseram quando profetizaram que o Messias seria rejeitado e crucificado e que Ele também seria proclamado Rei sobre o trono de Davi para sempre, ou eles falavam de duas vindas de Cristo.

Não há forma de colocar dentro de um só evento o que os profetas disseram. Simplesmente tem de haver duas vindas do Messias: primeiro como o Cordeiro de Deus, para morrer pelos nossos pecados, e depois como o Leão da Tribo de Judá (Os 5.14-15; Ap 5.5), em poder e glória para resgatar Israel no meio da batalha do Armagedom.

A mesma coisa acontece no Novo Testamento. Note as muitas contradições, a menos que estes sejam dois eventos:

1) Ele vem para Seus santos e numa hora que ninguém espera; mas vem com Seus santos quando todos souberem que Ele está vindo.

2) Ele não vem à terra mas arrebata os santos para se encontrarem com Ele nos ares (1 Ts 4.17); por outro lado, Ele vem à terra: “naquele dia, estarão Seus pés sobre o monte das Oliveiras” (Zc.14.4), e os santos vem à terra com Ele.

3) Ele leva os santos para o céu, para as muitas mansões na casa de Seu Pai, para estarem com Ele (Jo.14.3); mas traz os santos do céu (Zc 14.5, Jd 14).

4) Ele vem para Sua Noiva num tempo de paz e prosperidade, bons negócios e prazeres (Lc 17.26-30); mas volta para salvar Seu povo Israel quando o mundo já terá sido praticamente destruído, em meio ao pior conflito já visto na terra, a batalha do Armagedom.
Rebatendo as críticas ao Arrebatamento

Cristo declarou: “Assim como foi nos dias de Noé ...comiam, bebiam, casavam-se... O mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre... Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar” (Lc 17.26-30). Essas condições mundiais por ocasião do Arrebatamento só podem se referir ao período anterior à Tribulação; certamente não ao final dela!

Arrebatamento? Há críticos afirmando que a palavra “Arrebatamento” nem está na Bíblia! Isso não é verdade, pois a versão latina da Bíblia (Vulgata), feita por Jerônimo no quinto século, traduziu o grego harpazo (arrancar subitamente) pela palavra raptus (raptar), da qual deriva “Arrebatamento”. Foi o que Cristo nos prometeu em João 14: levar-nos para o céu.
“Certamente, venho sem demora”
(Ap 22.20).

Outros críticos papagueiam o mito propagado por Dave MacPherson, de que o ensino do Arrebatamento antes da Tribulação apareceu apenas no início do século XIX através de Darby, que o teria aprendido de Margaret MacDonald. Ela o teria recebido de Edward Irving, e este, por sua vez, o teria encontrado nos escritos do jesuíta Emmanuel Lacunza. Isso simplesmente não é verdade. Muitos escritores anteriores expressaram a mesma convicção. Um deles foi Ephraem de Nisibis (306-373 d.C.), bem conhecido na história da igreja da Síria. Ele afirmou: “Todos os santos e eleitos de Deus serão reunidos antes da tribulação, que está por vir, e serão levados para o Senhor...” Seu sermão com essa afirmação teve ampla circulação popular em diferentes idiomas.

Sim, há uma vinda do Senhor após a Tribulação: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias... verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mt 24.29-30). A referência aos anjos “reunindo Seus escolhidos dos quatro ventos” (vv. 29-31) certamente não significa Cristo arrebatando Sua Igreja para levá-la ao céu, pois trata-se do ajuntamento do Israel disperso, de volta à sua terra quando da Segunda Vinda.

Cristo associou o mal com o pensamento de que Sua vinda se atrasaria: “Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu Senhor demora-se” (Mt 24.48; Lc 12.45). Novamente, essa afirmação não tem sentido se o Arrebatamento vem após a Tribulação.

Não existe motivo maior para uma vida santa e um evangelismo diligente do que saber que o Senhor poderia nos levar ao céu a qualquer momento. Que a Noiva acorde do seu sono, apaixone-se novamente pelo Noivo, e de coração diga continuamente por meio da sua vida diária: “Vem, Senhor Jesus!” (Dave Hunt - TBC - http://www.chamada.com.br)

A Origem e Queda de Satanás

A Origem e Queda de Satanás

Na história do Universo nunca houve – nem haverá – traição maior. A criatura que representava a mais magnificente obra de seu Criador ressentiu-se de que sua glória era apenas emprestada, de que o papel que lhe estava destinado era o de tão somente refletir a infinita majestade do Deus que lhe deu o fôlego da vida. Dessa maneira, nasceu no coração de Lúcifer – e, em última análise, no recém-criado universo moral – o desprezível impulso da rebelião. Esse impulso originou a insurreição angélica que foi a mais terrível sedição na história em todos os tempos.

Uma questão preliminar

Por mais importante e original que tenha sido essa rebelião angélica, as Escrituras não incluem um registro específico do evento. No Antigo Testamento, Satanás aparece pela primeira vez no relato da queda de Adão (Gn 3). Ali, no entanto, ele era o tentador caído que seduziu os primeiros seres humanos ao pecado. Dessa forma, já no início das Escrituras, a queda de Satanás é tratada como fato. Mas, por razões que não são esclarecidas em nenhum lugar, o próprio relato de sua queda está ausente nesse registro.

Ainda assim, o evento é lembrado duas vezes nos escritos dos profetas: por Isaías, em meio a uma inspirada diatribe contra a Babilônia (Is 14.11-23), e, mais tarde, por Ezequiel, quando ele repreende duramente o rei de Tiro (Ez 28.11-19). Essas duas passagens contam-nos a maior parte do que sabemos sobre a queda de Satanás.

Entretanto, aqui temos algumas dificuldades exegéticas. Em ambas as passagens, a menção da rebelião de Lúcifer aparece abruptamente num contexto que não trata, especificamente, de Satanás. Esse fato levou muitos estudiosos da Bíblia a rejeitar a idéia de que as passagens se referem a uma rebelião luciferiana e a insistir que elas focalizam exclusivamente os governantes humanos das nações pagãs às quais são dirigidas.

Apesar disso, é preferível entender que Isaías e Ezequiel propositalmente queriam levar os leitores para além dos crimes de reis humanos, guiando-os até a percepção do grande arquétipo do mal e da rebelião, o próprio Satanás. Essas passagens incluem descrições que, mesmo levando em conta a inclinação ao exagero por parte de governantes da Antiguidade, não poderiam ser atribuídas a qualquer ser humano. O emprego da primeira pessoa do singular (por exemplo: “Eu subirei...”; “exaltarei o meu trono...”; “me assentarei...”) em Isaías 14.13-14 refletiria um nível de ostentação indicativo de insanidade, caso fosse proferido por um mero ser humano, mesmo em se tratando de um dos monarcas pagãos babilônicos, que a si mesmos divinizavam. E qual rei de Tiro poderia ser descrito como “cheio de sabedoria e formosura... Perfeito... nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado...” (Ez 28.12,15)?

Além disso, a Bíblia ensina explicitamente que a perversidade do mundo visível é influenciada e animada por um domínio povoado por espíritos caídos, invisíveis (Dn 10.12-13; Ef 6.12), e que, em sua campanha traiçoeira e condenável de frustrar os propósitos do Deus verdadeiro, esses espíritos maus são dirigidos por Satanás, o “deus deste século” (2 Co 4.4).

Nos tempos primitivos da Terra após a queda, os rebeldes de Babel estavam determinados a construir “uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus” (Gn 11.4).

É característico dos escritores bíblicos fazer a conexão entre o mundo visível e o invisível, e isso de forma tão abrupta que pega o leitor momentaneamente desprevenido. Quando Pedro expressou seu horror ante o pensamento da morte de Jesus, o Senhor lhe respondeu “Arreda, Satanás!” (Mt 16.23; cf. 4.8-10). De forma semelhante, repentinamente e sem aviso, o profeta Daniel pula de uma descrição profética sobre Antíoco Epifânio (Dn 11.3-35) para uma descrição similar do Anticristo dos tempos do fim (Dn 11.36-45). Antíoco, governante selêucida no período intertestamentário, precede o vilão maior que conturbará a terra nos últimos dias. Um salto abrupto e não-anunciado do mundo político ganancioso, auto-engrandecedor, visível, para o drama arquetípico que se desenrola num mundo invisível aos seres humanos – mas que, apesar de não ser visto, deu origem às atitudes denunciadas nessas passagens –, tal salto não está fora de lugar nas Escrituras.

Finalmente, por trás das conexões feitas nessas duas passagens pode muito bem estar um tema que freqüentemente retorna nas Escrituras. Nos tempos primitivos da Terra após a queda, os rebeldes de Babel estavam determinados a construir “uma cidade e uma torre” (Gn 11.4). A cidade era um centro de atividade comercial, enquanto a torre representava o ponto focal do culto pagão. Essa dupla caracterização do cosmo como expressão de egoísmo (o espírito ganancioso do comercialismo não-santificado) e de rebelião (a busca por ídolos) ressoa ao longo de toda a Palavra de Deus, chegando a um clímax em Apocalipse 17-18, onde anjos que se mantiveram fiéis a Deus anunciam a tão esperada e muito merecida destruição da Babilônia religiosa e comercial.

É instrutivo notar que enquanto todo o trecho de Ezequiel 26-28 repreende severamente a Tiro – o mais importante centro de comércio e de riqueza nos dias desse profeta – Isaías 14 denuncia Babilônia, que representa o centro da falsa religião ao longo de toda a Escritura. Talvez essa caracterização do cosmo caído como “cidade e torre” – tão importante naquilo que a Escritura afirma em relação ao mundo em rebelião contra Deus – ajude a explicar o salto dado pelos profetas nas passagens que consideramos. Quando contemplavam a cultura de seu tempo, que incorporava perfeitamente um elemento do cosmo caído, cada um deles se sentiu compelido pelo Espírito superintendente de Deus a focalizar a rebelião angélica dos tempos primitivos, a qual animava a rebelião humana que estavam denunciando.

Dessa forma, essas duas críticas severas, que identificam os espíritos perversos de cobiça inescrupulosa e rebelião espiritual, ajudam a explicar por que tais espíritos predominam tantas vezes ao longo da história humana. Os textos referidos, ao mesmo tempo, também antecipam a destruição profeticamente narrada em Apocalipse 17 e 18.

A linhagem de Satanás

De Isaías 14 e Ezequiel 28 emerge um quadro relativamente extenso de Satanás antes de sua rebelião.

Lúcifer: essa palavra vem de uma raiz hebraica que significa “brilhar”, sendo usada unicamente como título para referir-se à estrela de maior brilho e cujo resplendor mais resiste ao nascimento do Sol.

Sua pessoa: Ele foi o ser mais exaltado de toda a criação (Ez 28.13,15), a mais grandiosa das obras de Deus, um ser celestial radiante, que refletia da maneira mais perfeita o esplendor de seu Criador. Assim, ele apropriadamente era chamado de Lúcifer. Essa palavra vem de uma raiz hebraica que significa “brilhar”, sendo usada unicamente como título para referir-se à estrela de maior brilho e cujo resplendor mais resiste ao nascimento do Sol. O nome Lúcifer tornou-se amplamente usado como título para Satanás antes de sua rebelião porque é o equivalente latino dessa palavra. Na realidade, é difícil saber com certeza se o termo foi empregado com o sentido de nome próprio ou de expressão descritiva.

Seu lugar: Ezequiel afirmou que esse anjo exaltado estava “no Éden, jardim de Deus” (Ez 28.13). Aqui, a referência não é ao Éden terreno que Satanás invadiu para tentar a humanidade, mas à sala do trono em que Deus habita em absoluta majestade e perfeita pureza (veja Is 6; Ez 1). Ezequiel 28 também chama esse lugar de “monte santo de Deus”, onde Lúcifer andava “no brilho das pedras” (v. 14). Essas descrições não são apropriadas ao Éden terreno, mas adequadas à sala do trono de Deus, conforme representações em outros lugares da Escritura.

Sua posição: Satanás é denominado “querubim da guarda ungido” (Ez 28.14). Querubins representam a mais alta graduação da autoridade angélica, sendo seu papel guardar simbolicamente o trono de Deus (compare os querubins esculpidos flanqueando a arca da aliança – o trono de Javé – no Tabernáculo ou Templo, Êx 25.18-22; Hb 9.5; cf. Gn 3.24; Ez 10.1-22). Lúcifer foi ungido (consagrado) por sentença deliberada de Deus (Ez 28.14: “te estabeleci”) para a tarefa indizivelmente santa de guardar o trono do todo-glorioso Criador. Ele é descrito como sendo dotado de beleza inigualável, vestido de luz radiante, equipado com sabedoria e capacidade ilimitadas, mas também criado com o poder de tomar decisões morais reais. Portanto, a obrigação moral mais básica de Satanás era a de permanecer leal a Deus, de lembrar sempre que, independentemente de quão elevada fosse a sua posição, seu estado era o de um ser criado.

A queda de Satanás

Neste ponto, encontramo-nos diante de um dos mais profundos mistérios do universo moral, conforme revelado nas Escrituras: “Como é que o pecado entrou no universo?” Está claro que a entrada do pecado tem conexão com a rebelião de Satanás. Mas, como foi que o impulso perverso surgiu no coração de alguém criado por um Deus perfeitamente santo? Diante de tal enigma, temos de reconhecer que as coisas encobertas de fato pertencem a Deus; as reveladas, no entanto, pertencem a nós (Dt 29.29). E três dessas realidades claramente reveladas merecem ser enfatizadas:

Primeiro: a queda de Lúcifer foi resultado de sua insondável e pervertida determinação de usurpar a glória que pertence unicamente a Deus. Esse fato é explicitado em uma série de cinco afirmações que empregam verbos na primeira pessoa do singular, conforme registradas em Isaías 14.13-14. Nisto consiste a essência do pecado: o desejo e a determinação de viver como se a criatura fosse mais importante que o Criador.

Lúcifer andava “no brilho das pedras” (Ez 28.14). Essa descrição refere-se à sala do trono de Deus, conforme representações em outros lugares da Escritura.

Segundo: Satanás é inteira e exclusivamente responsável por sua escolha perversa. Nisso existe uma dimensão inescrutável. Alguns têm argumentado que Deus deve ter Sua parcela de responsabilidade por este (e todo outro) crime, porque, caso fosse de Seu desejo, poderia ter criado um mundo em que tal rebelião fosse impossível. Outros dizem que, se Deus tivesse criado um mundo em que apenas se pudesse fazer o que o seu Criador quisesse, nele não poderiam ser incluídos agentes morais feitos à imagem de Deus, dotados da capacidade de tomar decisões reais – e, conseqüentemente, de escolher adorar e amar a Deus. Há verdade nessa observação, mas também há mistério. O relato deixa claro que o orgulho fez com que Lúcifer caísse numa terrível armadilha (Is 14.13-14; Ez 28.17; cf. 1 Tm 3.6), mas nada explica como tal orgulho de perdição pode surgir no coração de uma criatura de Deus não caída e perfeita.

No entanto, não há mistério quanto ao fato de que Satanás é, totalmente e com justiça, responsável pelo seu crime. Ezequiel 28.15 afirma explicitamente que Lúcifer era perfeito desde o dia em que foi criado, “até que se achou iniqüidade em ti”. A culpabilidade moral é dele, e apenas dele. Na verdade, em toda sua extensão, a Bíblia afirma que Deus governa soberanamente o universo moral e controla todas as coisas – inclusive a maldade de homens e anjos – para que correspondam aos seus perfeitos propósitos. Mas ela também ensina que Deus não deve e não será responsabilizado por essa maldade, em qualquer sentido.

Finalmente, por causa de sua rebelião, Satanás tornou-se o arquiinimigo de Deus e de tudo o que é divino. Sua queda – bem como a dos espíritos que se uniram a ele – é irreversível; não há esperança de redenção. Satanás foi privado da comunhão com o Deus santo de forma final e irrecuperável. Para ser exato, Satanás ainda tem acesso à sala judicial do trono do Universo por causa de seu papel de acusador dos irmãos, papel este que lhe foi designado divinamente (Jó 1 e 2; Zc 3; Lc 22.31; Ap 12.10). Tal acesso, no entanto, é destituído da comunhão com Deus ou da Sua aceitação. Devido à sua traição, que foi a mais terrível na história do cosmo, Satanás e seus anjos somente podem esperar a condenação e a punição eternas (Mt 25.41). (Douglas Bookman - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)